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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Hiperactividade Infantil

Hiperactividade Infantil

Actualmente é muito comum encontrarem-se crianças diagnosticadas como hiperactivas. Trata-se de uma das perturbações infantis mais assinaladas dos finais do séc. XX, e são várias as crianças medicadas e acompanhadas por psicólogos e psiquiatras diagnosticadas como hiperactivas.

Mas o que é a hiperactividade?

A hiperactividade trata-se de um transtorno, denominado de Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperactividade (TDAH),e é uma síndrome neurobiológico (do foro biológico e químico do cérebro) e não apenas um aspecto comportamental, pelo que a criança não pode ser culpabilizada pelos sintomas apresentados, sendo estes involuntários e compulsivos. A hiperactividade pode afectar tanto crianças, como jovens ou adultos, sendo mais comum em idades até ao final da adolescência.
Assim, este transtorno caracteriza-se pelo aparecimento de sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando a criança tenta não mostrá-lo.
A criança com Deficit de Atenção muitas vezes sente-se isolada e segregada pelos colegas, e não é capaz de compreender por que é tão diferente, ficando perturbada ao confrontar-se com as suas próprias incapacidades. Uma vez que, muitas vezes, estas crianças não são capazes de cumprir as tarefas normais de uma criança (na escola, no recreios ou em casa), podem vir sofrer de elevados níveis de stress, tristeza e baixa auto-estima.
São várias as características próprias apresentadas por estas crianças. Por um lado, têm tendência a ter um pensamento original, a serem criativos, a serem imprevisíveis na sua forma de resolver problemas, são persistentes e resilientes, e geralmente afectivos e generosos.
Embora possam demonstrar ter dificuldades de aprendizagem, podem ter uma inteligência acima da média para outras coisas, pelo que o seu insucesso escolar não se prende necessariamente com incapacidade deretenção da informação ou dificuldades de compreensão.
As maiores dificuldades apresentadas por estas crianças passam pela dificuldade de passarem da ideia/projecto à acção. Os seus insucessos repetidos levam ao desenvolvimento de uma falta de iniciativa e pouca ou nenhuma tolerância à frustração.
Têm dificuldades em fazerem-se entender e em explicar os seus pontos de vista, e não são capazes de gerir o tempo, de modo a maximizá-lo para a concretização das tarefas do dia-a-dia. Apresentam uma grande necessidade de adrenalina, a qual muitas vezes buscam através da actividade física excessiva ou através do início de conflitos com os pais, professores ou colegas. De um modo geral, têm tendência a isolar-se e raramente conseguem aprender com os seus erros.
A desatenção característica deste transtorno leva a uma falta de atenção para os detalhes, à falta de concentração e à dificuldade em seguir regras e instruções. Estas crianças raramente terminam o que começam, são desorganizadas, evitam actividades que exijam um elevado esforço mental, distraem-se facilmente com coisas ou actividades alheias à tarefa que se encontram a desenvolver, esquecem-se de compromissos e tarefas, e têm uma grande dificuldade em planear a curto e longo prazo.

Por outro lado, a hiperactividade e a impulsividade implicam que a criança não seja capaz de permanecer sentado por muito tempo, que sinta necessidade de correr excessivamente, seja barulhenta e agitada, fale em demasia e sem pensar ou construir um diálogo necessariamente lógico, responda às perguntas antes de estas serem concluídas, intrometa-se nas conversas ou brincadeiras dos outros e tenha dificuldade em esperar pela sua vez.

Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o individuo em questão apresente pelo menos6 dos sintomas de desatenção e/ou6 dos 9 sintomas de hiperactividade descritos pela medicina actual, além de que esses mesmos sintomas se manifestem em pelo menos dois ambientes diferentes (casa, escola, clubes, recreio, etc.) e por um período superior a 6 meses. O diagnóstico é fundamentalmente clínico e deve ser realizado por um profissional (Psicólogo ou Psiquiatra) que conheça profundamente o assunto, e o qual, necessariamente, descartará outras doenças e transtornos possíveis, que possam apresentar sintomas semelhantes, de modo a que o tratamento seja o mais adequado.

Actualmente, o termo hiperactividadetem sido muito popularizado e muitas crianças são rotuladascomo hiperactivas erroneamente.
Muitos dos comportamentos de agitação e desatenção infantil actualmente verificados resultam, sim, da falta de imposição de limites, por parte das figuras de autoridade, e são de natureza emocional e psicológica, sendo muitas vezes confundidos com a patologia diagnosticada como hiperactividade.
Nestes casos, trata-se de um distúrbio emocional, desenvolvido ao longo da vida devido a um motivos específico, o qual, por mecanismo de defesa, se exprime através de sintomas semelhantes com a hiperactividade, como a agitação e a falta de concentração. Assim, os sintomas são um alerta de que algo não está bem, na vida da criança, o que pode incluir mau ambiente familiar, falta de tempo e espaço para brincar ou a falta de regras adequadas e consistentes por parte dos pais.
Um “não”, por parte de uma figura de autoridade, deverá ser mantido e suportado, pois quando tal não acontece, a criança torna-se incapaz de adquirir os limites que delimitam o que é um comportamento apropriado e o que é um comportamento inapropriado, de acordo com o meio em que se encontra, levando a manifestações desadequadas, como a indisciplina, a falta de respeito, a incapacidade de seguir e cumprir ordens, e a falta de capacidade de levar a cabo tarefas que não sejam do seu agrado; comportamentos facilmente confundidos com os sintomas da hiperactividade.

Acima de tudo, é importante nunca esquecer que todas as crianças apresentam momentos de desatenção e impulsividade, podendo exibir níveis de energia demasiado elevados, de vez em quando.
Assim, é essencial que os pais compreendam que dar limites aos seus filhos é dar amor, o que é fundamental para o desenvolvimento harmonioso de uma criança. A falta de tempo e de atenção para com os filhos, que caracteriza a maioria das famílias da actualidade, gera sentimentos de culpa e frustração nos pais, os quais tentam compensar os filhos através da concretização de todas as vontades das crianças, suprimindo os aspectos mais afectivos.
Este não é, no entanto, o caminho mais adequado para a formação de uma criança, processo que deve ser contínuo e congruente.
O ideal é dar atenção e carinho, por mais difícil que isso seja, ao fim de um longo dia de trabalho, ter tempo para ouvir e explorar as conquistas da criança e tentar perceber quando a criança manifesta dificuldades, suportando-a na resolução dos seus problemas.
As regras impostas para a gestão da vida da criança não devem ser excessivas, nem vagas (“porta-te como um bom menino”), e não devem ser transmitidas em tom de ordem ou irritação, mas sim como um desejo, não um favor, o qual se espera que a criança seja capaz de cumprir (“quero que fiques sentado” não é o mesmo que “por favor, fica sentado” ou “senta-te!”). Deve-se sempre reforçar positivamente as conquistas da criança e evitar critica demasiadamente severas ou persistentes, procurando que estas sejam sempre construtivas e educativas (não basta dizer que está mal, há que indicar o que está correcto, também).
O ideal seria que os pais se interessassem pelas tarefas da escola, a qual faz parte de grande parte da vida da criança, ajudando nas tarefas escolares e na organização da sua rotina, promovendo um ambiente adequado ao estudo e apresentando um nível de exigência compatível com o desempenho da criança. Por outro lado, é imprescindível incentivar o brincar e não focar a interacção com os filhos apenas nas obrigações escolares, mantendo uma postura de protecção e incentivo da independência da criança.
- Sophia C.*

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